Os Fundos de Investimento Capital Protegido estão inovando cada vez mais e uma engenharia financeira muito criativa permite que seus administradores prometam ao investidor ganhar se o mercado subir, mas não perder se o mercado cair. Não pense que a instituição financeira administradora do fundo fica com o prejuízo quando o cenário ruim acontece.
O produto é engenhoso e tem atraído investidores que querem ganhar mais, sem abrir mão da segurança. Será que vale a pena investir em um fundo com esse objetivo de investimento? Vamos refletir a respeito e tirar algumas conclusões.
Trata-se de um fundo fechado, com vencimento predeterminado, que oferece ao cotista uma das duas alternativas: se a bolsa cair recebe seu capital de volta; se a bolsa subir, recebe parte da valorização do índice, de acordo com as condições estabelecidas pelo fundo.
A princípio, receber o dinheiro de volta caso haja desvalorização no índice da bolsa parece uma boa notícia pois não existe uma perda visível do capital. Entretanto, ao optar pela segurança, esse investidor está abrindo mão da rentabilidade que receberia caso optasse por um investimento tradicional de renda fixa, a variação da taxa DI, por exemplo.
As primeiras versões desse tipo de fundo eram oferecidas pelo prazo de 63 dias, representando uma ‘perda’ relativamente pequena, referente ao custo de oportunidade de não ganhar a taxa de juros do período.
O mercado inovou e criou novas versões do produto com duas diferenças importantes em relação aos anteriores: (a) prazo de vencimento bem mais longo, na faixa de12 a24 meses, implicando em custo de oportunidade relevante; e (b) oferece 100% da valorização do índice, desde que a índice da Bolsa não suba mais do que determinado nível.
Vamos analisar um exemplo hipotético de um fundo de investido capital protegido com os seguintes parâmetros:
Valor mínimo para aplicação: R$20.000,00
Resgate: somente no vencimento do fundo, em 18 meses
Taxa de juros de 12% ao ano, equivalente a 18,5% no período de 18 meses. Esse será o custo de oportunidade do investidor
Limite de alta estabelecido pelo fundo: 35%
Taxa prefixada caso a variação do Ibovespa seja superior a 35%: 15%
Vamos nos deslocar no tempo e simular 3 cenários possíveis no período de 18 meses.
Cenário
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Variação do Ibovespa
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Rentabilidade
do investidor
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1
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-8,3%
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zero
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2
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12%
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12%
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3
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34%
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34%
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4
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48%
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15%
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- Cenário 1: o Ibovespa cai 8,3%. O investidor recebe seu capital de volta e abre mão da rentabilidade de 18,5% que receberia caso tivesse feito uma aplicação em CDB, Fundo DI, ou Tesouro Direto, por exemplo. A perda, neste caso, refere-se ao custo de oportunidade do investidor.
- Cenários 2 e 3: variação positiva do Ibovespa entre 0,01% e 34,9%, inferior ao limite estabelecido pelo fundo, 35% neste exemplo. O cotista recebe 100% do Ibovespa.
- Cenário 4: variação positiva do Ibovespa de 48%, superior ao limite estabelecido pelo fundo. O cotista recebe a taxa prefixada, 15% neste exemplo.
Moral da história
- Se você acredita no cenário de queda na bolsa, a melhor alternativa é optar por um investimento de renda fixa.
- Se você acredita que a bolsa vai subir e muito, a melhor alternativa é optar por um investimento em fundo de ações.
- Se você acredita no cenário de alta moderada, superior ao custo de oportunidade da taxa de juros do período, mas inferior ao limite máximo estabelecido pelo regulamento do fundo, o fundo capital protegido é uma boa alternativa.
Dicas que valem dinheiro
- Fundo de investimento fechado é bem diferente dos fundos tradicionais e caracteriza por não permitir resgate antes da data de vencimento.
- Liquidez tem seu preço. A rentabilidade da estratégia deve, de alguma forma, compensar o investidor que abriu mão do direito de ter seu dinheiro de volta durante 18 meses.
- Leia atentamente o prospecto do fundo antes de aderir. Certifique-se que conhece todas as características e acredita na estratégia do fundo.
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